João Havelange renuncia ao cargo de presidente de honra da Fifa
Zurique (Suíça)
Presidente de honra da Fifa (Federação Internacional de
Futebol Associado) desde 1998, o brasileiro João Havelange, de 96 anos,
renunciou ao cargo na entidade. Em relaório divulgado pela organização
nesta terça-feira, o presidente da câmara de adjudicação do Comitê de
Ética, Hans-Joachim Eckert, confirmou o desligamento do dirigente
nacional, que já havia renunciado como membro do Comitê Olímpico
Internacional (COI) em 2011.
Mandatário máximo da FIfa entre 1974 e
1998, João Havelange teve seu nome envolvido em caso de corrupção na
venda de direitos da Copa do Mundo. Ao lado do ex-presidente da
Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e Nicolás
Leóz, então presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol, o
dirigente recebeu propina da empresa suíça de marketing esportivo ISL.
Ao todo, U$S 22 milhões (aproximadamente R$ 44,1 milhões em valores
atuais) foram inseridos em contas relacionadas aos brasileiros entre
1992 e 2000.
Entretanto, os casos aconteceram antes da
reformulação do código de ética da Fifa realizado em 2012, quando
Ricardo Teixeira renunciou aos seus cargos na CBF, no comitê organizador
da Copa do Mundo de 2014 e também no comitê executivo da Fifa.
Gazeta Press
Envolvido em caso de corrupção, Havelange renuncia ao cargo de presidente de honra na Fifa
“Um
parecer jurídico de um advogado suíço conclui que a aceitação de
suborno de Havelange, Teixeira e Leóz não era passível de punição
naquele momento. Concordo com essa determinação. Contudo, é claro que
Havelange e Teixeira, como dirigentes de futebol, não deveriam ter
aceitado qualquer dinheiro de propina. O certo seria ter devolvido o
valor, já que este estava relacionado aos direitos de transmissão”,
destaca Eckert no relatório baseado em documento investigativo de 4 mil
páginas divulgado pelo procurador Michael J. Garcia.
Por outro
lado, o atual presidente da Fifa, Joseph Blatter, foi inocentado na
investigação do caso. Sucessor de Havelange no comando da entidade, o
experiente dirigente, de 77 anos, foi descartado do envolvimento no
recebimento de propinas e celebrou sua ausência no caso.
“Ressalto
com satisfação que este relatório confirma que ‘a atuação do presidente
Blatter não pode ser classificada de nenhuma maneira como má conduta em
relação a qualquer norma ética'. Não tenho dúvidas de que a FIFA,
graças ao processo de reforma de governança proposto por mim, tem agora
os mecanismos e meios para assegurar que uma questão como essa, que
causou danos incontáveis à reputação de nossa instituição, não aconteça
novamente”, encerrou.
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